sábado, 27 de setembro de 2008

A Justiça está de costas! - Impunidade!


A JUSTIÇA ESTÁ DE COSTAS

Dormi bem enquanto pude
Acordei disposto e quase preparado
Transpareceu em meu peito essa força
A vitalidade queria seu espaço

Mas mal ouso a chegar na janela...
Quero ainda continuar sonhando
Ou prefiro fingir que não vejo
Ou irei me esconder debaixo da mesa!

Tenho medo de sair pra qualquer lugar
Só posso contar com a minha própria força
Em quem se desconfia às vezes se pode confiar
E quem deveria nos proteger pode acabar nos agredindo...

Pra que lugar me leva o meu destino?
Desde o "descobrimento" sempre foi assim
Explorando ao invés de povoar
Marcando a sua história com "absurdos gloriosos"

Não, aqui já não se faz mais justiça, não senhor...
Muito dinheiro no rabo e um brinde
Muitos vermes na barriga e três caroços de feijão
Só não fazem valer as leis porque vai todo mundo pra prisão...

Até onde vale a pena lutar?
Já não se derrama sangue pelo futuro
O sangue que cai é o dos inocentes
Desencorajados de sua honra por sua própria pátria

Um grão de areia na praia
Uma cápsula de bala no morro
Ei, estamos aqui...
Gritando em nome do futuro
Mas silenciados pela falta de vergonha...

Por: Roberto Borges


Comentário meu: Hoje venho aqui desabafar um pouco sobre a impunidade e a extrema violência que ronda o nosso mundo. Um acontecimento me fez refletir ainda mais sobre isso. Um assassino revoltado por não ter conseguido entrar numa festa na porta de uma escola saiu atirando em várias pessoas como se elas fossem culpadas por ele ser um vagabundo e incapaz na vida e não ter dinheiro para entrar. Depois de chamarem a polícia, ele correu e atirou em duas garotas inocentes que nada tinham a ver com a situação para desviar a atenção dos policiais. Pra onde está caminhando o nosso mundo? Teremos de engolir que situações como essas se tornem rotina em nossas vidas? Poderia ter sido um parente meu... poderia ter sido eu... A situação traz insegurança. Fica aqui a grande dúvida de nossos jovens de hoje: morreremos de velhice ou por uma bala perdida?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A última crônica


A ÚLTIMA CRÔNICA
(Fernando Sabino)

"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."


->Crônica publicada no livro "A Companheira de viagem" (Editora Record, 1965)

Comentário meu: Olá para todos! Depois de alguns dias sem atualizar, estou de volta. Agradeço as energias positivas que as pessoas estão enviando e que Deus proteja todos nós. Para continuar com a qualidade do meu blog, coloco aqui a crônica de que mais gosto do Fernando Sabino. Simples, tocante e humilde. Certamente algo que tocaria a muitos ver esse sorriso puro mencionado. Até a próxima!

*Foto extraída da internet.
**Diga não à pedofilia!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Pai


PAI

Para muitos, um herói
Para outros, um incentivador
Aqui, uma pessoa que corrige
Ali, uma pessoa que defende
Por dentro, transborda carinho e preocupação
Por fora, póstura rígida e proteção
Gigante quando te projeta para o futuro
Pequeno quando passa o bastão da vida
Firme quando ensina
Frágil quando te vê crescer e dar orgulho a ele
O escuro indica a sua ausência quando enfrentamos a vida
Mas a luz indica a sua presença eterna em nossos corações
Pai não é só quem ajuda a gerar
Mas também quem cria com dedicação e amor
Mesmo que nunca te diga que se preocupa profundamente contigo

(Por: Roberto Borges)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Lembranças


MEMORIES (tradução)
Within Temptation

Neste mundo você tentou
Não me deixar para trás só.
Não há outro modo.
Eu rezei aos deuses para deixarem ele ficar.
As lembranças aliviam a dor por dentro,
Agora eu sei porque.

(Refrão)
Todas as minhas lembranças mantêm você próximo.
Em momentos silenciosos imagino você aqui.
Todas as minhas lembranças mantêm você próximo.
Seus sussurros silenciosos, lágrimas silenciosas.

Me fez prometer que eu tentaria
Encontrar meu caminho de volta nesta vida.
Eu espero encontrar um modo
Para me dar um sinal que você está bem.
Me recordo novamente isto é o valor de tudo
Então eu posso continuar seguindo.

(Refrão)
Todas as minha lembranças mantêm você próximo.
Em momentos silenciosos imagino você aqui.
Todas as minhas lembranças mantêm você próximo.
Seus sussurros silenciosos, lágrimas silenciosas.

Juntos em todas essas lembranças
Eu vejo seu sorriso.
Todas as lembranças eu guardei tão bem.
Meu bem, sabes que irei amá-lo até o fim dos tempos.

(Refrão)
Todas as minha lembranças mantêm você próximo.
Em momentos silenciosos imagino você aqui.
Todas as minhas lembranças mantêm você próximo.
Seus sussurros silenciosos, lágrimas silenciosas.

Todas as minhas lembranças...

Comentário meu: a vida oscila entre ápices e profundidades. Tudo pode ter um porquê. Serei eu obrigado a permanecer imóvel nas transições da vida? A velha fonte muda de direção e, nessa mudança, ela me faz não ter mais vontade de apreciar a sua água.

sábado, 6 de setembro de 2008

Um pouco de mim, um pouco de todos nós


Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém.

Assim, sem precisar procurar no meio da multidão.

Alguém comum, sem destaques evidentes, sem cavalos brancos ou dentes perfeitos.

Alguém que soubesse se aproximar sem ser invasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante.

Alguém com quem eu pudesse conversar sobre filosofia, literatura, música, política ou simplesmente sobre o meu dia.

Alguém a quem eu não precisasse impressionar com discursos inteligentes ou com demonstrações de segurança e autoconfiança.

Alguém que me enxergasse sem idealizações e que me achasse atraente ao acordar, de camisa amassada e sem maquiagem.

Alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse boas gargalhadas.

Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras.

Eu queria não precisar usá-las e ainda assim não perder o mistério ou o encanto dos primeiros dias.

Alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração.

Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse.

Alguém com quem eu pudesse aprender e ensinar sem vergonhas ou prepotências.

Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse.

Que me dissesse como eu canto e que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada.

Alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidada.

Que não depositasse em mim a responsabilidade exclusiva de fazê-lo feliz para com isso tentar isentar-se de culpa quando fracassasse.

Alguém de quem eu não precisasse, mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo.

Alguém com qualidades e defeitos suportáveis.

Que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção.

Alguém educado, mas sem muitas frescuras.

Engraçado e, ao mesmo tempo, levasse a vida a sério, mas não excessivamente.

Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo.

Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito.

Feito para mim.


(desconheço a autoria)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Uma fase se encerra e uma nova começa!

Olá, amigos! Um novo mês está começando e uma nova etapa em minha vida também! Fui aprovado com louvor em meu TCC e completei mais um sonho. Porém, desejo nunca parar de alcançar sonhos, de evoluir em meus pensamentos, pois sei que críticas e obstáculos tentarão me derrubar, porém, tenho fé naquilo em que acredito! Agradeço a todos que me apoiaram, que foram assistir à minha defesa e que estiveram ao meu lado o tempo todo!

Para começar o mês (e tentar contextualizar o assunto da transição de fases), coloco uma linda música japonesa que corresponde ao encerramento da fase do Capítulo Elíseos, da Saga de Hades! Como no contexto do anime, é Hades quem está nos Campos Elíseos, então coloquei a palavra "deus" com letra minúscula, pois é apenas um ser mitológico. Ok?



KAMI NO EN - DEL REGNO (tradução)
Cantora: Yuko Ishibashi
Jardim de deus - O Reino

Se continuar, sem voltar, pelo Rio Lete, encontrará o Jardim de deus
O paraíso onde somente as pessoas escolhidas podem chegar
O céu é tão distante
A Glória medida no céu
Uma mão materna se estende
Entra no meu peito

Voe pelo firmamento, Armadura Divina, soprando um vento frio que derruba as flores
Apesar de toda dor, agonia e dificuldades, liberte-se
O Reino

No mundo dos homens, a tristeza não acaba, a luz recai sem parar por toda parte
Todos as criaturas vivas são abençoadas com o brilho
O mundo vai se reduzindo a nada
O universo é feito à semelhança de Deus
Recompensa-se com a vida eterna
Que mãe castiga o filho?

O arco-íris da eternidade eleva-se na terra sagrada,
As estrelas piscam brilhantemente também
Apesar de toda dor, agonia e dificuldades, liberte-se
O Reino

Voe pelo firmamento, Armadura Divina, soprando um vento frio que derruba as flores
Apesar de toda dor, agonia e dificuldades, liberte-se
O Reino

(tradução 2)
Se subir ao rio Lete acharás o jardim de deus que se estende ao infinito
Um paraíso ao qual somente os escolhidos podem vir
O céu muito distante
O símbolo da glória do rei
Estende sua mão materna
Segundo seu desejo
A armadura divina que dança no ar o vento fresco sopra, balança as flores
E nos liberta de toda dor,
Preocupação e sofrimento
Em seu reino

( Yuko Ishibashi - Kami no En - Del Regno)