terça-feira, 30 de junho de 2009

A criança que calou o mundo por seis minutos*



Olá, amigos. Hoje eu não tenho nada a dizer. Este vídeo aí em cima diz tudo. Não serão apenas seis minutos que você ficará parado vendo um vídeo legendado, mas serão seis minutos que farão você refletir sobre o mundo. Um grande abraço!

*Alterei o título por causa da verdadeira duração do vídeo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson


Olá, amigos. Ontem morreu um ícone do pop, que talvez nunca será superado: Michael Jackson. Seu mega sucesso "Thriller" fez com que fosse dono do álbum mais vendido da história. E o que venho falar aqui hoje é tentar analisar um pouco o que foi este cantor, embora eu nem saiba se tenho autoridade o suficiente, pois nunca fui um grande fã dele; apenas gostava de suas músicas.


A vida de Michael Jackson foi sempre conturbada. Talvez ele não soubesse lidar com o peso do sucesso (algo que muitos artistas não sabem mesmo e acabam perdendo um pouco do brilho - vide Xuxa - ou acabam se suicidando - vide Kurt Cobain) e deixou que virasse uma bola de neve em sua vida. O mal de se ter muito dinheiro é que achamos que viramos semideuses, que podemos tudo. Mas continuamos sendo meros seres humanos, que contraem doenças, sentem emoções e erram muito. Fatos estes que vemos em seus escândalos sobre pedofilia e sua mudança de cor.


Não quero justificar ou defender Jackson, (e sinceramente tenho lá minhas dúvidas se ele era realmente um pedófilo), mas eu vejo alguém sentimental que teve a vida sufocada por fatos cotidianos. Ser negro nos Estados Unidos na época em que ele foi criança e adolescente era uma coisa meio complicada, pois não podiam frequentar os mesmos lugares que os brancos. Isso até se torna um pouco incompreensível para nós, brasileiros, porque aqui o preconceito é mais mascarado e vemos os negros "terem os mesmos direitos que os brancos". Mas lá nos EUA a coisa pode ter sido bem diferente e isso possa ter explicado o porquê de sua obsessão em "se tornar branco". Não concordo com isso, pois ele deveria ter abraçado mais a causa negra, mas também não condeno (aliás, quem sou eu pra condenar alguma coisa?).


Enxergo nos artistas uma sensibilidade fora do comum, algo que os torna diferentes (não melhores) do que as outras pessoas, pois eles tendem a colocar pra fora aquilo que os sufoca. Eu também sou artista, gosto de desenhar e escrever e sinto uma sensibilidade à flor da pele. Michael Jackson, com seu enorme talento, também era muito sensível (pelo que a mídia me mostrava a respeito dele), mas não soube se controlar e tentou arriscar uma fuga da realidade e viver em um mundo de sonhos. E é aí que o próprio artista se mata: pela fuga da realidade, por sua sensibilidade em não dar conta de viver num mundo como este. Vai fazer falta, com certeza, por sua música. Pelo menos agora ele está longe desse mundo cruel que o impediu de ser criança pra sempre.



*Vídeoclipe de "Thriller" (o youtube não permitiu incorporar no blog):

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Faz parte do meu show



FAZ PARTE DO MEU SHOW
Cazuza
Composição: Cazuza / Renato Ladeira

Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor
Te levo pra festa e testo o teu sexo com ar de professor
Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Vago na lua deserta das pedras do Arpoador
Digo 'alô' ao inimigo
Encontro um abrigo no peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num 'clip' sem nexo
Um pierrot retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll'

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Meu amor, meu amor, meu amor...

Comentário meu: olá pra todos! Hoje eu coloco uma música do nosso querido Cazuza. Ah, tempos de músicas boas, inteligentes e com letras decentes... Cazuza nos mostra nessa letra quem é ele, o que faz, que sua existência está expressa em atitudes meio "porra louca" e não tá nem aí. Faz parte apenas do show dele. O show que ele deu na curta passagem nesta vida. Às vezes me questiono qual é o show que tenho que dar nesta vida, o que devo fazer para que ela tenha valido a pena. Não sei se ela será longa ou curta, mas chega de bastidores, pois o show da vida deve continuar!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Amor é fogo que arde sem se ver



Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

(Luís de Camões
)

domingo, 14 de junho de 2009

Indústria do sensacionalismo


O acidente foi horrível mesmo. Um avião sumir do mapa em meio oceano Atlântico é um fato que envolve mistérios e questionamentos. Mas o que a mídia faz com assuntos como este ou como casos tipo Isabela Nardoni já passa dos limites! Não que eu esteja ignorando o assunto, mas priorizar ou dar grandes destaques para essa notícia cansa muito. O que estou colocando aqui é uma opinião bem pessoal minha, o que poderá agradar ou desagradar vários leitores. Quantas outras tragédias aconteceram ou acontecem no mundo? Por que toda essa importância para o acidente do avião? Será que é porque havia pessoas ricas ou de outros países a bordo? Será o mistério que envolve a tragédia?

Já pararam pra se perguntar quantas pessoas morrem de AIDS ou de fome na África? Isso não é noticiado todos os dias e nem ganha tanto destaque assim na TV! Há a comoção com o acidente do avião, certo, afinal, vidas se acabaram lá... Coitados dos parentes! Além de sofrerem a perda, lutam contra esse sensacionalismo que cava um buraco na mente e os traumatizam com notícias e manchetes de última hora. Eles não são poupados. Ai deles ainda se começarem a rolar na internet fotos de buscas dos corpos... Que Deus conforte o sofrimento de cada família!

Falo isso porque já estou cansado de ligar a TV em noticiários (coisa que faço pouco) ou abrir a internet e ver as mesmas coisas. Ainda bem que não abandono os livros. Achei até engraçado outro dia que vi num episódio dos Simpsons a Lisa falar algo do tipo: "por que não noticiam um professor homenageando um aluno?". Boa pergunta de um desenho inteligente e crítico. E lá vai a TV nos oferecendo apenas uma possibilidade: jogar informações prontas, sem nos fazer pensar, raciocinar e refletir, e deformando o nosso cérebro com o que bem entende abordar. E nos comove, nos induz, pois ela tem o poder de guiar nossos pensamentos. Gravidade do problema? Infelizmente acontece muitas outras coisas piores por aí e não ganham tanto destaque assim. Quer problemas mais sérios do que a fome e a falta de educação (acréscimo: e a falta de Deus no coração das pessoas)?

Pois é, notícia ruim é o que vende mesmo, infelizmente... (e o sensacionalismo também)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Relembrar (recordar) é reviver



Olá, amigos e leitores do meu blog! Hoje eu venho falar de momentos nostálgicos, aqueles momentos que a gente lembra e dá uma saudade apertada lá no fundo do peito. Se pudéssemos voltar no tempo e viver tudo aquilo de novo, aproveitando cada minuto... puxa, como seria bom!

Lembro-me de várias épocas boas, de quando jogava videogame com meu amigo. A gente jogava Street Fighter 2 pirateado no Turbo Game dele... era uma época onde as coisas tinham um lado mais inocente... passava a novela Mulheres de Areia (uma das únicas novelas de que gostei e acompanhei na Globo) e anunciava com frequência o filme Esqueceram de mim. Lembro-me de várias músicas infantis que eu gostava, dentre elas o disco da novela Carrossel. Alguém lembra ainda? O Ayrton Senna nos dava muitas alegrias com suas vitórias na Fórmula 1 e Os Trapalhões tinham graça. Depois conheci o desenho que adoro até hoje que é Os Cavaleiros do Zodíaco. Essa época lembra muito uma fase da escola onde conheci um verdadeiro amigo. Era tudo muito mágico, pois colecionávamos bonequinhos dos cavaleiros, assistíamos aos animes Shurato, Sailor Moon e Samurai Warriors.

Os leitores podem até achar que esse é um texto bobo, mas eu diria que é um rabisco, um desabafo, um motivo que inventei pra poder escrever aqui como se fosse um diário. Lembro até hoje da surpresa que tive ao jogar um dos melhores jogos de videogame que já joguei na vida: Final Fantasy 8. Cada cena fantástica e inovadora pra época, cenas de ação, romance... jogo perfeito! Delirava com cada acontecimento, cada batalha, cada poder e a profundidade da história, mesmo sendo em inglês e eu ter demorado uns 7 meses pra zerar o jogo ehehehhe...

Aí veio tantas outras lembranças boas na minha mente... época do cursinho, onde tentava vencer minha timidez e encontrar uma tribo, um grupo em que eu me encaixasse e que fugisse dos padrões da sociedade... Estilo clubber, estilo roqueiro... ver a trilogia O Senhor dos Anéis no cinema e enfrentar filas quilométricas... primeiro emprego (que, por sinal, foi uma grande bosta, mas me ajudou a amadurecer mais), faculdade...

Será que estou me sentindo meio velho hoje pra postar tantas coisas assim?

E as lembranças ruins? Sei que elas existem, mas não fazem parte da minha auto-estima hoje em dia! Tudo isso faz parte da construção do meu ser.

*No vídeo, Final Fantasy 8, grande jogo de RPG do PlayStation 1 e um dos melhores (se não o melhor) jogo que EU já joguei na vida.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Violões que choram...


Olá, galera. Hoje eu dedico este espaço a um dos mais belos poemas de Cruz e Sousa, principal poeta simbolista brasileiro.


VIOLÕES QUE CHORAM...
cruz e sousa
(jan. I897)

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações a luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas magoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho
Almas que se abismaram no mistério.

Sons perdidos, nostálgicos, secretos,
Finas, diluídas, vaporosas brumas,
Longo desolamento dos inquietos
Navios a vagar a flor de espumas.

Oh! languidez, languidez infinita,
Nebulosas de sons e de queixumes,
Vibrado coração de ânsia esquisita
E de gritos felinos de ciúmes!

Que encantos acres nos vadios rotos
Quando em toscos violões, por lentas horas,
Vibram, com a graça virgem dos garotos,
Um concerto de lágrimas sonoras!

Quando uma voz, em trêmolos, incerta,
Palpitando no espaço, ondula, ondeia,
E o canto sobe para a flor deserta
Soturna e singular da lua cheia.

Quando as estrelas mágicas florescem,
E no silêncio astral da Imensidade
Por lagos encantados adormecem
As pálidas ninféias da Saudade!

Como me embala toda essa pungência,
Essas lacerações como me embalam,
Como abrem asas brancas de clemência
As harmonias dos Violões que falam!

Que graça ideal, amargamente triste,
Nos lânguidos bordões plangendo passa...
Quanta melancolia de anjo existe
Nas visões melodiosas dessa graça.

Que céu, que inferno, que profundo inferno,
Que ouros, que azuis, que lágrimas, que risos,
Quanto magoado sentimento eterno
Nesses ritmos trêmulos e indecisos...

Que anelos sexuais de monjas belas
Nas ciliciadas carnes tentadoras,
Vagando no recôndito das celas,
Por entre as ânsias dilaceradoras...

Quanta plebéia castidade obscura
Vegetando e morrendo sobre a lama,
Proliferando sobre a lama impura,
Como em perpétuos turbilhões de chama.

Que procissão sinistra de caveiras,
De espectros, pelas sombras mortas, mudas.
Que montanhas de dor, que cordilheiras
De agonias aspérrimas e agudas.

Véus neblinosos, longos véus de viúvas
Enclausuradas nos ferais desterros
Errando aos sóis, aos vendavais e às chuvas,
Sob abóbadas lúgubres de enterros;

Velhinhas quedas e velhinhos quedos
Cegas, cegos, velhinhas e velhinhos
Sepulcros vivos de senis segredos,
Eternamente a caminhar sozinhos;

E na expressão de quem se vai sorrindo,
Com as mãos bem juntas e com os pés bem juntos
E um lenço preto o queixo comprimindo,
Passam todos os lívidos defuntos...

E como que há histéricos espasmos
na mão que esses violões agita, largos...
E o som sombrio é feito de sarcasmos
E de Sonambulismos e letargos.

Fantasmas de galés de anos profundos
Na prisão celular atormentados,
Sentindo nos violões os velhos mundos
Da lembrança fiel de áureos passados;

Meigos perfis de tísicos dolentes
Que eu vi dentre os vilões errar gemendo,
Prostituídos de outrora, nas serpentes
Dos vícios infernais desfalecendo;

Tipos intonsos, esgrouviados, tortos,
Das luas tardas sob o beijo níveo,
Para os enterros dos seus sonhos mortos
Nas queixas dos violões buscando alivio;

Corpos frágeis, quebrados, doloridos,
Frouxos, dormentes, adormidos, langues
Na degenerescência dos vencidos
De toda a geração, todos os sangues;

Marinheiros que o mar tornou mais fortes,
Como que feitos de um poder extremo
Para vencer a convulsão das mortes,
Dos temporais o temporal supremo;

Veteranos de todas as campanhas,
Enrugados por fundas cicatrizes,
Procuram nos violões horas estranhas,
Vagos aromas, cândidos, felizes.

Ébrios antigos, vagabundos velhos,
Torvos despojos da miséria humana,
Têm nos violões secretos Evangelhos,
Toda a Bíblia fatal da dor insana.

Enxovalhados, tábidos palhaços
De carapuças, máscaras e gestos
Lentos e lassos, lúbricos, devassos,
Lembrando a florescência dos incestos;

Todas as ironias suspirantes
Que ondulam no ridículo das vidas,
Caricaturas tétricas e errantes
Dos malditos, dos réus, dos suicidas;

Toda essa labiríntica nevrose
Das virgens nos românticos enleios;
Os ocasos do Amor, toda a clorose
Que ocultamente lhes lacera os seios;

Toda a mórbida música plebéia
De requebros de faunos e ondas lascivas;
A langue, mole e morna melopéia
Das valsas alanceadas, convulsivas;

Tudo isso, num grotesco desconforme,
Em ais de dor, em contorsões de açoites,
Revive nos violões, acorda e dorme
Através do luar das meias noites!


Fonte: www.dominiopublico.gov.br

Resumo: O movimento simbolista é uma reação contra a onda de cientificismo e materialismo a que esteve submetida a sociedade industrial europeia na segunda metade do século XIX. Procuravam resgatar certos valores românticos como o espiritualismo, o desejo de transcendência e de integração com o universo, o mistério, o misticismo, a morte, a dor existêncial (sem cair na afetação sentimental do Romantismo). Buscaram uma linguagem que fosse capaz de sugerir a realidade. Para isso, fizeram uso de símbolos, imagens, metáforas, sinestesias (cruzamento de campos sensoriais diferentes como "amarelo quente"), além de recursos sonoros e cromáticos, tudo com a finalidade de exprimir o mundo interior, intuitivo, anti-lógico e antirracional. Apesar de ser abafado pelo movimento parnasiano no Brasil, tivemos um grande representante que foi Cruz e Sousa.


Fonte do resumo: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens: literatura, gramática e redação. São Paulo: Atual, 1994.

*Imagem: Mulher com guitarra, de Renoir, obra do Impressionismo francês.