terça-feira, 21 de junho de 2011

Querido Diário



Olá, amigos do blog. Depois de alguns dias sem postar, venho aqui colocar uma música do novo álbum desse gênio chamado Chico Buarque. Percebo na música relatos de várias fases do eu-lírico, bem como um amadurecimento descrito e sua fragilidade ao escrever sobre sua vida.


QUERIDO DIÁRIO
Chico Buarque


Hoje topei com alguns
conhecidos meus
Me dão bom-dia [bom-dia], cheios de carinho;
dizem para eu ter muita luz
e ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho

Hoje a cidade acordou
toda em contramão
Homens com raiva,
buzinas, sirenes, estardalhaço
De volta à casa, na rua
recolhi um cão
que, de hora em hora, me arranca um pedaço

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez,
fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício

Hoje, afinal, conheci o amor
E era o amor, uma obscura trama
não bato nela, não bato
nem com uma flor
mas se ela chora, desejo-me em flama

Hoje o inimigo veio,
veio me espreitar
Armou tocaia lá
na curva do rio
Trouxe um porrete, um porrete a "mode" me quebrar
mas eu não quebro não, porque sou macio, viu?!

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