domingo, 5 de dezembro de 2010

Festa de Baco


FESTA DE BACO


Não durmo mais.
Meu barulho interno está ensurdecedor.
O Sentimento é total inquietude. Vozes, risos, choros, dúvidas.
Não consigo me ouvir.
O lado que grita é hipócrita, preocupado, careta e sério...
Não quero ouvir!
Irei inundá-lo com vinho tinto, bebida profana. Necessária sempre se fez.
Que tinge entranhas e pensamentos com seu sangue entorpecente, curando tudo... Limpando tudo.
Torpor...
Linda palavra perdida em um mundo de várias outras.
Quase não a uso, mas sou adepto de sua prática.
Torpor... Linda palavra.

Não dormirei nunca mais.
Fiz de mim um guardião do sono das outras pessoas.
Ouvindo músicas do século passado, garimpando mais inquietude, o grande falatório interno ecoa. O vinho vermelho penetra.
Única coisa que escuto com clareza é o mas. Conjunção, advérbio, substantivo masculino... Não importa.
Ela sempre será a mais poderosa entre todas as falas.
Chantagens e mentiras. Desculpas e condições. Sempre estará lá, imponente, imperdoável, irrevogável.

Para que dormir? Juntar-me-ei ao ensurdecedor debate que em mim ocorre.
Idéias novas surgem. Funestas e tentadoras como o vinho que as rega.
Para alguns, pareceriam reprováveis. Mas, e aí está a poderosa fala, quem decide isso ainda sou eu.
Digno de uma comédia-dramática europeia é esse falatório.

O que é dormir?


(Este texto tem autor. Depois quero pesquisar pra ver se é de algum conhecido colega)

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