sexta-feira, 31 de outubro de 2008

As flores do mal



Olá, amigos! E hoje acaba o mês de outubro. Muitas pessoas comemoram o Halloween, mas por que brasileiros comemoram essa data? Eu sei que é uma festa legal, onde as pessoas se fantasiam de monstros e tal... mas já se perguntaram até aonde vai a identidade americana e até onde há a identidade brasileira?
Se for uma festa de dia das bruxas à moda brasileira, aí eu concordo. Discordo da possibilidade de se imitar totalmente a cultura americana. Nós podemos adaptá-la a nosso modo!

Enfim, dia das bruxas me lembrou de algo gótico. Remeti então ao meu poeta simbolista favorito: Charles Baudelaire! Hoje dedico meu espaço à poesia dele e a uma canção do nosso eterno poeta Renato Russo, onde ele utiliza o nome do livro que imortalizou Baudelaire. Um ótimo final de mês a todos!


"O poeta e crítico francês Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser, originaram-se na França os poetas 'malditos'.
Baudelaire inventou uma nova estratégia de linguagem, incorporando a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo, criando, dessa maneira, a poesia moderna.
Sua obra-prima é o livro AS FLORES DO MAL, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além de celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na impresa e foi julgado, na época, imoral. Leitura obrigatória."

Texto na contra-capa de As Flores do Mal.



O VAMPIRO

Tu que, com uma punhalada,
Invadiste em meu coração triste;
Tu que, forte como manada
De demônios, louca surgiste,

Para no espírito humilhado
Encontrar o leito e o ascendente;
- Infame a que estou atado
Tal como o forçado à corrente,

Como ao seu jogo o jogador,
Como à garrafa o beberrão,
Como aos vermes a podridão,
- Maldita sejas, como for!

Implorei ao punhal veloz
Dar-me a liberdade, um dia,
Disse após ao veneno atroz
Que me amparasse a covardia.

Mas não! o veneno e o punhal
Disseram-me de ar zombeteiro:
"Ninguém te livrará afinal
De teu maldito cativeiro.

Ah" imbecil - de teu retiro
Se te livrássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!"

(Charles Baudelaire em As Flores do Mal)


AS FLORES DO MAL
Legião Urbana
Composição: Renato Russo

Eu quis você
E me perdi
Você não viu
E eu não senti
Não acredito nem vou julgar
Você sorriu, ficou e quis me provocar
Quis dar uma volta em todo o mundo
Mas não é bem assim que as coisas são
Seu interesse é só traição

E mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais

Tua indecência não serve mais
Tão decadente e tanto faz
Quais são as regras? O que ficou?
O seu cinismo essa sedução
Volta pro esgoto baby
Vê se alguém lhe quer
O que ficou é esse modelito da estação passada
Extorsão e drogas demais
Todos já sabem o que você faz
Teu perfume barato, teus truques banais
Você acabou ficando pra trás

Porque mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Volta pro esgoto baby
e vê se alguém lhe quer



*Bibliografia:
BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. São Paulo: Editora Martin Claret, 2004.

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