sábado, 6 de março de 2010

Eu sei, mas não devia


Olá, pessoas! Desculpem pela falta de atualização no blog, mas, como eu já disse, o meu acesso a internet tem se tornado mais restrito e de menor duração. Acho que vou preparar as ideias antes de acessar para que eu possa colocá-las o mais rápido possível no curto momento em que estiver online. Bom, aos poucos estou pensando em mudar o visual do meu blog, pois já são dois anos com o mesmo fundo preto. Mudar e experimentar outros ares faz bem, não?

Hoje eu coloco um texto muito interessante que vi numa apostila de um curso que fiz (5S - ferramentas para qualidade). Espero que curtam!


EU SEI, MAS NÃO DEVIA

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ver outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olhar para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas. E porque não abrir as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente acostuma a acordar de manhã sobressaltando porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado, a ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. Abrir revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer plantas.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vais afastando uma dor aqui, um ressentimento acolá, uma revolta ali. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila. Torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E, se no fim de semana não há o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem o sono atrasado.

A gente se acostuma a poupar a vida, que aos poucos se gasta e que de tanto gastar-se, perde em si mesma.
(autor desconhecido)

Um comentário:

Anônimo disse...

Autora: Marina Colasanti.
Não custa pesquisar em fontes confiáveis .